A rastreabilidade é uma ferramenta importante para garantir a qualidade do produto e a vantagem competitiva na cadeia produtiva do leite
Conseguir a melhor gestão de toda a logística, maior segurança para os clientes, garantia da qualidade dos produtos ao longo da cadeia produtiva e confiança do consumidor. O cenário ideal. Qual laticínio não quer tudo isso?
A IoT está aí para mostrar que já é possível se conectar a coisas. A indústria 4.0, por sua vez, permite fabricar itens personalizados para satisfazer os consumidores e ganhar vantagem no mercado.
Nesse sentido, a rastreabilidade, apesar de não ser uma novidade, é uma necessidade crescente no setor lácteo. Ao implementar essa importante ferramenta de gestão de qualidade, o laticínio garante o atendimento aos critérios dos órgãos fiscalizadores e responsáveis pelo cumprimento das normas.
Isso engloba a melhoria contínua e a qualidade dos produtos, contribui com a segurança alimentar, favorece a verificação de irregularidades, facilita ações corretivas e a preparação de planejamento preventivo.
Mas, afinal, o que é rastreabilidade? Em termos formais, é a capacidade de acessar todas as informações relacionadas a um determinado lote de produto, ao longo de todo o seu ciclo de vida. Isso inclui a identificação de informações e resultados de análises de matéria-prima, insumos e materiais de embalagens, entre outros. Simplificando: a rastreabilidade é o registro de toda a história de um produto e sua trajetória.
Em tempos de hiperconectividade, atender as demandas e desejos do consumidor é o sonho de todo laticínio. Por isso mesmo a indústria láctea se preocupa cada vez mais em adequar seu processo produtivo à era digital.
Se os selos e certificações conferem qualidade e credibilidade aos produtos, a rastreabilidade permite que esse produto chegue até o cliente ou consumidor de forma íntegra. Afinal, o consumidor não abre mão da qualidade e está atento à aparência, características nutricionais, sensoriais e sanitárias dos produtos. Mas a segurança dos alimentos é um dos grandes desafios da indústria.
No caso do leite, um alimento tão sensível e suscetível a contaminações, o desafio é igualmente grande. Desde o momento em que é extraído, o leite, em seu estado cru, precisa de total atenção e máximo cuidado. E aqui é o ponto de origem da rastreabilidade dos laticínios: a fazenda.
É importante fornecer transparência nas condições de produção e comercialização dos alimentos. Para isso, a rastreabilidade do leite e seus derivados é uma poderosa ferramenta. No entanto, ela não visa apenas satisfazer às exigências, mas também às necessidades.
No leite e insumos utilizados na produção de seus derivados, as principais informações a serem rastreadas são: fornecedor, local de origem, tipo de matéria-prima, composição, resultados de análises microbiológicas e físico-químicas, integridade das embalagens, data do recebimento e lotes. Tudo isso precisa ser devidamente registrado e mantido para evidenciar os resultados do monitoramento, além de associar lotes de matérias-primas e de embalagens ao lote do produto final.
As indústrias que beneficiam o leite precisam demonstrar a origem da matéria-prima, os resultados de processo e a destinação do lote. Em geral, são produzidos registros de nota fiscal e de carregamento relacionados aos clientes. Ainda existem, no Brasil, muitos estabelecimentos que operam de forma manual. Apesar disso, a rastreabilidade é obrigatória e requerida por normas em diversos segmentos da cadeia alimentícia.
Com o “histórico de vida” do leite e seus derivados, pode-se identificar os possíveis perigos à saúde coletiva. A tecnologia e os processos rigorosos para um melhor nível de rastreabilidade também aumentam a qualidade e a segurança dos produtos. Por exemplo, se um lote de produtos é contaminado na fábrica ou comprometido no transporte, os fornecedores poderão identificar rapidamente esse lote afetado e reavê-lo (recall).
Para que o laticínio recolha, de forma efetiva, o lote de produtos contaminados ou defeituosos, os procedimentos de rastreabilidade, recolhimento e comunicação precisam ser executados com total precisão.
Dada a complexidade dos processos produtivos na indústria de leite e derivados, é importante que os procedimentos deixem claras as fases de planejamento: referências adotadas, descrição de execução das atividades, métodos de avaliação e critérios para o estabelecimento de ações corretivas e de melhoria.
Com uma produção de leite intensa como a do Brasil — o terceiro maior produtor do mundo — investir nesse recurso representa mais do que apenas seguir uma tendência ou cumprir uma obrigação. Quando bem implantada, a rastreabilidade funciona como um sistema de garantia e verificação, respeitando as leis sanitárias e ainda assegurando a segurança alimentar.