Inteligência artificial incrementa produtividade da indústria de queijos

A indústria de lácteos e o segmento de queijos têm sido muito afetados pela transformação digital rápida e constante, a qual nenhuma indústria está imune. Cadeias de fornecimento estão se reconfigurando, os consumidores estão cada vez mais conscientes e exigentes, as tecnologias se tornam gradativamente mais baratas e acessíveis. Em meio a tudo isso, crescem em escala global os esforços rumo a uma economia circular.

Um relatório da Mintel (principal agência de inteligência de mercado do mundo), publicado no início de 2022, revelou que os brasileiros estão cozinhando mais em casa em função de mudanças de hábitos impostas pela pandemia, o que ampliou o uso do queijo como item culinário para 24% das pessoas.

Paralelamente a estes índices positivos, se alastra uma crise econômica que tem começado a desafiar a categoria, percebida como cara e incompatível com os orçamentos mais restritos de muitos consumidores, o que exige movimentação por parte da indústria. Oportunidades para os fabricantes que querem investir no segmento de queijos não faltam, apesar de, no curto prazo, em função da crise, a categoria tender a apresentar um ritmo de crescimento mais lento.

Quando pensamos na produção de queijo, a indústria brasileira ainda é bastante manual e artesanal, o que significa que ainda há espaço para incorporar tecnologia, padronizar e automatizar processos de produção, aumentando seu nível de controle e segurança.

Assim como outras áreas da indústria de alimentos, a de queijos ainda despende muito tempo para analisar dados de produção – muitas vezes disponíveis em montanhas de papel e planilhas, que se perdem e são difíceis de organizar e utilizar de fato –, havendo dificuldades de priorizar investimentos em iniciativas para aumentar a produtividade dos processos produtivos.

Entre as oportunidades para este segmento que se beneficiariam de um gerenciamento menos manual, destaca-se o processo de controle eficiente de umidade média dos queijos, para que estejam dentro do padrão de qualidade e da legislação, que tem por desafio a redução de perdas relacionadas a produtos fora de especificação e otimização da utilização de matéria prima (leite).

Em um mercado tão competitivo, o investimento em tecnologia e inteligência artificial permite conhecer a fundo o fluxo de produção, o que pode levar a ganhos de escala, redução de custo operacional e rendimento com o mínimo de perdas possíveis, ganhos fundamentais para a rentabilidade do produto.

Além disso, estas inovações representam também ganhos para o consumidor, que passará a ter a certeza de sempre encontrar o mesmo produto de qualidade nas suas compras e preços mais acessíveis.

Sobre incorporação de inteligência artificial à produção de queijos, alguns fabricantes têm utilizado, nos Estados Unidos, algoritmos para padronizá-la. Para isso, analisam dinamicamente diversas variáveis do processo, coletando automaticamente dados nos equipamentos, e obtêm prescrições em tempo real, dadas pelo algoritmo, de parâmetros que otimizam a umidade do queijo que está sendo produzido, podendo atuar em fatores como temperatura, tempo de cozimento, velocidade de agitação e corte, quantidade de ingredientes etc.

Essas soluções são modelos matemáticos, montados a partir de registros de meses de produção – dados históricos – e que requerem conhecimento profundo do processo produtivo. Como resultado, estes fabricantes têm observado uma otimização da umidade dos produtos e da utilização de leite para a fabricação, além de uma melhoria na consistência dos queijos e redução de perdas.

É possível citar outros exemplos, como o uso de dashboards digitais personalizados e alimentados por inteligência artificial que proporcionam um gerenciamento estratégico e tecnológico de dados, permitindo obter dados de produção em tempo real, acompanhá-los por diferentes dispositivos, monitorar o uso de recursos (água, ar, eletricidade, vapor, químicos utilizados no processo de limpeza) nas plantas e criar sistemas de análise de custo e consumo.

Trata-se de investir em inovação para trabalhar de uma forma mais estratégica, que permita tomar decisões mais acertadas, fazer mais com menos e estabilizar os negócios em tempos de incertezas, preparando uma prosperidade futura.

Para a categoria de queijos, a Mintel projeta um cenário de estabilidade para daqui três a cinco anos, já que se trata de um produto percebido como parte de uma dieta saudável e como ingrediente culinário essencial por muitos brasileiros.

Informações adaptadas do Food Connection.

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