Com o intuito de contribuir com a discussão das demandas, elaboração e execução de políticas públicas, a Emater/RS-Ascar coordenou em todo o Estado o Levantamento Socioeconômico sobre a cadeia do leite, cujos principais resultados foram apresentados no final de agosto, durante a Expointer.
Inseridos neste processo, os 45 Escritórios Municipais de abrangência da Emater/RS-Ascar na região administrativa de Santa Rosa realizaram o levantamento em julho de 2023, com apoio de parceiros, compilando informações sobre número de produtores, volume de produção, tecnologias adotadas, comercialização e industrialização do leite.
O assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar Jorge João Lunardi destaca que com o diagnóstico sobre o que está acontecendo com a cadeia na região é possível ter subsídios para a definição de estratégias e construção de políticas públicas. “É muito importante essa análise, porque falamos de uma atividade que movimenta o segundo maior volume de renda agrícola da região, estando apenas atrás da soja, girando mais de R$ 1,4 bilhões ao ano”, destaca Lunardi.
Segundo o levantamento da Emater/RS-Ascar, nos 45 municípios da região, em 2023 são 4.855 estabelecimentos que produzem 612.491,478 milhões de litros/ano, comercializados para indústrias e agroindústrias. O rebanho de 133.059 vacas apresenta uma produtividade média de 4.603 litros de leite por vaca ao ano.
A atividade leiteira está principalmente nas mãos da agricultura familiar (95%), sendo que os estabelecimentos de leite da região têm em média 20,1 ha de terra. Em relação ao perfil destas propriedades, na faixa de produção de até 300 litros/dia estão 3.079 estabelecimentos (63%) e até 500 litros/dia estão 4,010 estabelecimentos (82%). Outros 13% produzem de 501 a 1.000 l/dia e acima de 1.001 l/dia são apenas 2% dos produtores.
Sistemas de Produção e Manejo Adotados
O manejo do rebanho aponta para a tendência de produção de leite à base de pasto, presente em 91% das propriedades. Além disso, 7% possuem semiconfinamento e para 1,6% o confinamento em free stall e compost barn.
Das propriedades com pastagens anuais e perenes, 9,8% possuem irrigação. Atualmente estão sendo elaborados projetos do Programa Avançar RS – Eixo Estratégico Irriga+RS, da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (RS), para a ampliação da adoção desta estratégia em outras propriedades da região.
Ainda em relação à alimentação, a maioria indicou que complementa a dieta com silagem, ração controlada, além de alguns casos utilizarem pressecado, feno e premix vitamínico mineral com homeopatias, probióticos e prebióticos.
As ordenhas são canalizadas em 44% das propriedades; balde ao pé é adotado ainda em 27%; 28% tem transferidor; 90% possuem local adequado para ordenha; 66% possuem sala com fosso; 27% têm piso cimentado na sala de espera e 12 propriedades possuem ordenha robotizada na região.
Em relação aos equipamentos dos quais dispõem, o resfriamento do leite é feito em 99% dos casos em tanque de expansão direta, isotérmico; 81% usam água quente para higienização de equipamentos, e a maioria vêm obtendo boa qualidade do leite.
Redução no número de produtores
Comparando com os dados de 2015, quando iniciou o Levantamento Socioeconômico na região, nota-se que, em 2023, 68% dos estabelecimentos que possuíam produção comercial saíram da atividade leiteira, ao mesmo tempo em que o volume total de produção diminuiu 6%. “O que chama a atenção, neste contexto, é que reduziu o número de produtores com até 300 litros por dia e aumentou o número nas faixas superiores, apontando para uma concentração da atividade, refletindo o mercado que paga mais por volume produzido”, observa Lunardi.
O número total de vacas reduziu em 31%. Por outro lado, a produtividade média por vaca aumentou em 43%, devido à melhora de todos os índices zootécnicos.
Em relação às dificuldades enfrentadas pelos produtores de leite, 2.329 (48%) apontam o preço do leite recebido; 1.925 (40%) têm custos de produção elevados; 2.364 propriedades rurais citam a falta adequada de mão-de-obra (49%); 2.660 propriedades apontam falta de descendentes para dar continuidade à atividade (47%); 216 apontam dificuldade de acessar o crédito rural; 412 propriedades têm restrições ao fornecimento de energia elétrica (8,5%); e 724 apontam problemas nas estradas rurais (15%).
Perspectivas e Cadeia envolvida
A região é atendida por 40 empresas que comercializam o leite. São sete postos de resfriamento, com capacidade diária de 1.575 milhões de litros/dia, e 11 indústrias e agroindústrias de leite, com capacidade diária de 1.956 milhões de litros/dia.
O levantamento apontou também que 30 municípios possuem Programa Municipal de Fomento ao leite; 42 contam Conselhos Municipais de Agricultura atuantes, sendo que 21 oferecem fundo municipal com recursos financeiros. Em relação à disponibilidade de apoio técnico, a região tem 649 profissionais que trabalham com inseminação artificial e são 708 profissionais que atuam em assistência técnica e/ou extensão rural.
Diante da importância da produção leiteira para a segurança e soberania alimentar e para o contexto socioeconômico da agricultura familiar, a Emater/RS-Ascar, aliada a outras instituições, continua no fomento e assistência à atividade, para que aqueles que permanecem possam obter ganhos em renda e qualidade de vida, bem como possam acessar crédito e novas tecnologias.
Lunardi destaca que somente neste ano na região de Santa Rosa já foram atendidas pela Emater/RS-Ascar mais de 2.000 famílias rurais na atividade leiteira, em práticas de produção, produtividade, com variadas metodologias de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional Santa Rosa, via MilkPoint.