Pequenos produtores de leite perdem relevância no abastecimento do país

Os pequenos produtores de leite estão perdendo relevância no abastecimento dos laticínios do país, mostra estudo da MilkPoint Ventures. Embora continuem sendo um número significativo, estão sendo superados por um grupo menor, mas mais produtivo, de pecuaristas.

De acordo com a pesquisa, que se baseou em dados de 41 laticínios, com pouca representação das regiões Nordeste e Norte, 60,7% dos produtores brasileiros entregam menos de 200 litros de leite por dia e, juntos, respondem por 11,3% da oferta total de leite.

Em contrapartida, os pecuaristas que enviam mais de mil litros ao dia são apenas 10% do total, mas produzem 61% do leite entregue às indústrias. Dez anos atrás, eles eram 5% do todo e representavam 36% da oferta.

Nesse grupo, metade são produtores que entregam mais de dois mil litros diariamente, respondendo por 46,3% da oferta, mostra o estudo.

Segundo Valter Galan, sócio-diretor da MilkPoint, a consolidação da pecuária leiteira tem várias causas, desde a ineficiência de algumas propriedades até a competição com atividades agrícolas que prometem margens maiores.

Os animais de leite também precisam “competir” com as lavouras de grãos, que demandam um investimento menor do que a pecuária leiteira. Os produtores que não têm condições de plantar soja ou milho também podem optar por arrendar a terra. “O valor da terra é um ponto importante na hora de ele decidir se permanece ou não no leite”, diz.

Menos produtores na atividade
O crescimento da produção diária de leite tem sido crucial para garantir o abastecimento do mercado brasileiro, em meio à redução do número de produtores.

Segundo a MilkPoint, o Brasil tem atualmente cerca de 150 mil produtores de leite que comercializam sua produção, um declínio de 100 mil em relação a 2013. No entanto, a produção média diária por produtor cresceu 77%, para 437 litros.

Na pesquisa da Milkpoint Ventures chamou a atenção dos analistas que o volume entregue pelos produtores ligados a cooperativas cresceu 125% em dez anos, para 505 litros diários. Já pecuaristas não associados a essas entidades aumentaram o volume fornecido em apenas 49%, para 399 litros ao dia.

Os analistas afirmam que o dado surpreende porque as cooperativas costumam ter mais dificuldade para incentivar um aumento de escala dos produtores.

A proximidade entre pecuaristas e cooperativas pode ser o ponto-chave para esse aumento sólido da produção dos produtores cooperados, ponderam os analistas da Milkpoint. Essa relação também facilita a implementação de planos de longo prazo e de programas de assistência técnica e gerencial.

Os 41 laticínios ouvidos pela MilkPoint representam cerca de um terço do mercado formal brasileiro, com processamento diário de 21,1 milhões de litros de leite. Dentre eles, 17 são ligados a cooperativas e captam 40% do volume de leite do grupo, ainda que muitas não façam o processamento.

“As cooperativas acabam sendo uma boa alternativa para os pequenos produtores acessarem o mercado e conseguirem melhorar a produção, com acesso a serviços”, afirma Valter Galan.

Segundo a consultoria, devido à baixa participação de laticínios do Norte-Nordeste no estudo, é delicado extrapolar as análises para todo o país, mas outros estudos realizados nos últimos anos apontam indicadores semelhantes aos desta pesquisa.

O que joga a favor do produtor nordestino é o forte mercado de produtos regionais, como o queijo coalho, que pode ser produzido nas pequenas propriedades. “Também é um mercado consumidor grande que produz pouco leite, então a produção é altamente demandada”, acrescenta.

Fonte: Globo Rural

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