Os preços inflacionados das commodities lácteas impulsionaram as fortes receitas das maiores empresas de laticínios do mundo em 2022, mas isso foi contrabalançado pelo aumento dos custos e pelos preços sem precedentes do leite, de acordo com um relatório internacional anual do Rabobank. A lista anual do Rabobank das empresas “Global Dairy Top 20” foi divulgada no final de agosto, destacando o desempenho da receita dos líderes mundiais do setor de laticínios em 2022. Com base em dados financeiros em dólares americanos, as vendas combinadas das 20 maiores empresas de laticínios do mundo aumentaram 7,4% em relação ao ano anterior. Isso seguiu o aumento de 9,3% registrado em 2021.
De modo geral, os ganhos de preço médio ano a ano em manteiga, queijo, leite em pó e outros produtos lácteos prepararam o terreno para o crescimento de dois dígitos nas vendas em moedas locais em 2022. Ao mesmo tempo, o crescimento da produção de leite menor do que o previsto nas principais regiões exportadoras e a demanda doméstica decente contribuíram para um mercado de lácteos globalmente restrito, com excedentes exportáveis limitados durante a maior parte do ano.
O aumento dos custos de energia e a disponibilidade de gás natural – especialmente na Europa – foram as maiores preocupações para o processamento de laticínios com uso intensivo de energia. Os custos de outros componentes, como logística, materiais de embalagem e mão de obra, também aumentaram em 2022.
Entre os 20 primeiros lugares, as empresas europeias aumentaram sua participação em um, para 12, e as empresas dos EUA, China e Canadá ocuparam dois lugares cada (Tabela 1). Empresas da Nova Zelândia, Japão e Índia completaram a lista. Apenas cinco empresas mantiveram as mesmas posições do ano passado, o que indica uma reorganização em toda a lista. A Lactalis conseguiu manter o primeiro lugar, enquanto a Dairy Farmers of America (DFA) subiu para o segundo lugar, empurrando a Nestlé para o terceiro.
As taxas de câmbio tiveram um impacto nas classificações. Os dólares americanos e canadenses se fortaleceram em relação a muitas outras moedas, inclusive o euro. A evolução cambial em 2022 foi particularmente desfavorável para as empresas de laticínios que divulgam seus relatórios em dólares neozelandeses, renminbi e ienes, contribuindo para que a Fonterra, da Nova Zelândia, caísse três posições; a Yili e a Mengniu, da China, perdessem ganhos de vendas em termos de dólares americanos; e a Meiji, do Japão, uma empresa que há muito tempo está entre as 20 primeiras, saísse da lista.
A atividade de fusões e aquisições para esses 20 líderes de mercado em 2022 foi praticamente igual à do ano anterior. Foi observada uma desaceleração na atividade de fusões e aquisições no segundo semestre do ano, que continuou no primeiro semestre de 2023. Outros destaques do relatório indicam que as maiores empresas de laticínios continuam a aumentar sua presença no mercado alternativo de laticínios, embora ele ainda represente uma pequena parcela da receita. Olhando para o futuro, o Rabobank espera que o enfraquecimento dos preços dos produtos lácteos e do varejo tronem 2023 um ano desafiador em termos de venda e lucratividade para algumas empresas no ranking.
Fonte: eDairynews, Progressive Dairy, autor Dave Natzke. Abiq (Adaptado via site Ciência do Leite)
