O ano de 2022 foi marcado por acontecimentos que impactaram a cadeia do leite do Brasil. O ano teve início com redução dos efeitos da pandemia: taxas de vacinação crescentes, redução de casos e mortes por Covid 19 e retomada da economia. Mas, logo em março, o início da guerra entre Rússia e Ucrânia abalou as economias do mundo todo. Por serem grandes fornecedores globais de insumos (grãos, fertilizantes e petróleo), a guerra provocou uma crise energética mundial trazendo, dentre outras consequências, uma inflação de custos de um modo geral. No Brasil, um aumento considerável dos custos de produção de leite, associado ao período de entressafra resultaram numa inflação de lácteos que retraiu o seu consumo. No segundo semestre, o cenário político gerou volatilidade cambial e aumentou o nível de incertezas. E a possibilidade de uma recessão mundial aumentou a insegurança nos mercados.
A notícia mais positiva refere-se a uma desaceleração do custo de produção, medido pelo ICPLeite da Embrapa, que apresentou queda de 1,7% em novembro, influenciado principalmente pelo recuo de 4,5% no custo do concentrado. Essa foi a terceira queda consecutiva no ICPLeite.
As estimativas do quarto trimestre do ano indicam que a produção de leite parece ter se recuperado, mantendo-se semelhante à oferta de leite do mesmo período em 2021. Após 4 anos de altas consecutivas na produção leiteira, o setor apresenta 2 anos de quedas significativas. Para 2022, estima-se recuo de 4,4% na produção formal, atingindo uma oferta de 23,9 bilhões de litros.
O mês de dezembro é, historicamente, um período de incremento nas vendas de alimentos por conta das festas de fim de ano. Esse ano, o pagamento do 13º. salário deve injetar na economia cerca de R$ 251,6 bilhões de reais, o que equivale a 6% a mais do valor de 2021, já descontada a inflação. De acordo com a CNC, há a expectativa de que os brasileiros priorizem o pagamento de dívidas. Mas, os supermercados devem ser os maiores impactados, recebendo cerca de R$ 15,55 bilhões.
Em termos de tendências de mercado para 2023, o setor deve se atentar para 3 macrotendências: saudabilidade, sustentabilidade e influenciabilidade. Nas duas primeiras, os produtos lácteos estão em desvantagem visto que está havendo uma migração de hábitos de consumo da fauna para a flora, em busca de maiores benefícios para a saúde e menores impactos para o meio ambiente. Já a macrotendência influenciabilidade refere-se ao impacto que os influencers e as redes sociais estão tendo na criação de novos hábitos de consumo. Isso indica que o setor deve estar mais atento e investir mais neste tipo de mídia.
Fonte: Embrapa Gado de Leite, via Notícias Agrícolas.