O mercado de insumos e seus impactos na produção do leite

A produção de leite depende de um sistema de produção que reúne um conjunto grande de variáveis biológicas e econômicas. E uma das variáveis mais importantes desse sistema bioeconômico é alimentação das vacas de leite. Sem alimentação adequada, o animal não consegue expressar seu potencial produtivo, no caso, a produção de leite, e traz prejuízos ao produtor.

A alimentação dos animais, além de implicar na produção, tem fortes e óbvios impactos na saúde do animal e na sua capacidade reprodutiva. Assim, acompanhar o desempenho dos principais alimentos (milho e soja) para a produção de leite, lança luz no que o produtor de leite terá que enfrentar, em futuro próximo, na sua atividade.

O custo da alimentação do rebanho impacta de 40 a 60% o custo total da produção de leite, dependendo do tipo de sistema de produção e dos preços relativos na região considerada. Os alimentos concentrados têm papel fundamental na alimentação animal e são produzidos, principalmente, com o milho e a soja, sendo o primeiro, fornecedor de energia e o segundo, de proteína, ambos, fundamental para o desempenho do animal.

Dessa forma, conhecer as previsões sobre a produção e preço esperado destas duas culturas é relevante porque, certamente, impactará o custo de produção futura do leite e, consequentemente, a lucratividade da propriedade.

As projeções para a produção de milho no Brasil, para a safra 2022/2023, segundo a CONAB é de 125,5 milhões de toneladas. Também o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica um crescimento da ordem de 8,62% na produção brasileira de milho.

O consumo brasileiro de milho está previsto para 77 milhões de toneladas com um estoque final de 7,95 milhões de toneladas, crescimento de 70,92% em relação ao ano anterior.

Outra cultura relevante para a alimentação animal é a soja, utilizada na composição de alimentos concentrados, fornecendo basicamente proteína. As projeções para a produção de soja, para a safra 2022/2023, apontam um cenário recorde na produção. Segundo a perspectiva da Conab, a produção brasileira deve atingir 150,36 milhões de toneladas de soja para a próxima temporada. O USDA também indica um crescimento da ordem de 18,25% na produção brasileira de soja.

Não se espera uma pressão crescente nos custos de produção de leite advindo da alimentação concentrada (soja e milho). A soja deve manter ou abaixar ainda mais de preço devido ao forte aumento esperado de produção e o milho não deve ter aumentos substantivos com a comercialização da boa safra brasileira.

Considerando que os preços internacionais das principais commodities lácteas estão desacelerando e os próximos meses são de safra de leite no Brasil, é de se esperar pressão negativa sobre os preços pagos aos produtores.

A balança entre custos de produção e preço recebido irá favorecer aos produtores mais eficientes e que buscarem otimizar os fatores de produção existentes na propriedade.

Adaptado de Milk Point.

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